segunda-feira, 22 de abril de 2013

Em tempos nublados... (tragédia de Santa Maria)


     Muito tem se falado na última tragédia que acometeu nosso país. Diversas opiniões de pessoas comuns, parentes fortemente abalados, autoridades, jornalistas e especialistas no assunto  divagam exacerbadamente sobre o vasto assunto sem ao menos conseguirem chegar a um senso comum, parecem querer sempre culpar alguém, como se isso fosse trazer a vida dos seus ente-queridos novamente, ou como se fosse ter um sentimento de justiça caso os pseudos responsáveis fossem punidos. Falam como se tivesse havido algo que nunca viram no Brasil, acusam como se a irregularidade não fosse normal no nosso país. Mas o que mais me incomoda são os comentários de pseudos cristãos, onde já tive o desprazer de visualizar coisas do  tipo “se estivessem na Igreja, não teriam morrido”... insanidade, irresponsabilidade e total falta de comprometimento com a fé que professa, já que temos vários exemplos de acidentes com vítimas fatais em igrejas, temos inúmeros exemplos de homens de Deus que se foram por acidentes, o que dizer? Ahhhhh sim, esse tipo de gente certamente irá dizer que eles estavam em pecado, claro, claro, esse tipo de falácia deveria brotar desse tipo de gente medíocre e sem o mínimo conhecimento da fé que diz cultuar...
     Pessoas comuns devem pensar em qual a razão disso tudo, será que servimos a um Deus tirano que permitiu esse tipo de desastre? Será que Deus é um sádico que permitiu a chacina de Realengo ou as diversas chacinas que tiveram nos EUA? E o que falar dos desastres naturais? Será que Deus não se comove com o sofrimento alheio?
     Exigimos nossa liberdade, Deus nos dá o livre arbítrio. Uma relação de amor não pode haver obrigação, se houvesse qualquer tipo de manipulação jamais o amaríamos livremente e tudo que Ele sempre quis desde a criação era ser amado pela criatura, dessa forma, nos transformando por adoção seus filhos. Ele só deu o que exigimos, nossa falsa liberdade, e por esse simples motivo colhemos o que plantamos, não só de forma individual, mas coletiva. Estamos a mercê de nossas escolhas e da escolha de outros de nossa espécie...
     Pergunto de forma diferente.... queremos só o bem de suas mãos? Nos afastamos de nosso protetor e criador e ainda queremos que Ele não deixe que nenhum tipo de mal nos acometa? Quando falo que “escolhemos”, me refiro ao nosso patriarca ADÃO quando escolheu comer a “maçã”.
     Divagações que nos ocorrem inúmeras vezes em nossas mentes limitadas, entretanto, não creio nesse Deus, sei bem que Ele tem ciência de tudo que irá acontecer, pois é onisciente, não quero ser um apologeta, não quero defender quem não precisa de defesa. Creio apenas no amor de um Deus que mesmo em um tempo de angústia permanece ao nosso lado, creio em um Deus que estende as mãos para nos salvar, e principalmente para nos confortar em momentos difíceis. Não creio no sadismo de Deus, mas creio que através de Cristo, Deus se fez homem para se tornar um par conosco em nossas misérias, para estar conosco até a consumação dos séculos. Creio em um Deus absoluto, justo, jamais perverso e transbordante de compaixão por seus amados perdidos que ainda sofrem...
     Que encontremos conforto em seu amor e que possamos encontrá-lo nos momentos de dor profunda que a vida nos reserva...
     Que Ele esteja presente na vida de cada familiar das vítimas de Santa Maria, ainda que alguns não saibam como procurá-lo, que Ele se faça presente ainda sim...
     


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