sábado, 3 de julho de 2010

A Prática do Perdão

Como um cristão, já ouvi diversas pregações sobre perdão, já li diversos livros sobre o assunto, já estudei muitos outros textos sobre esse ato. Uma prática normal na vida de um servo, ou pelo menos deveria ser.

Inúmeras vezes Jesus nos exemplifica o perdão em diversos processos de sua vida. Na oração modelo, o “pai nosso”, Cristo nos ensina esse princípio quando diz:”perdoa as nossas ofensas, assim como temos perdoado aquele que nos tem ofendido”.

Até o dia de hoje eu achava que tinha incutido no meu caráter, desde a infância, essa prática. Sempre, ao me colocar mentalmente em algumas situações imaginárias para saber como poderia reagir a ela, me saia bem, verdadeiramente eu acreditava que poderia suportar algumas coisas e perdoá-las instantaneamente. Ao ir para o meu trabalho, o ônibus a qual eu estava, foi roubado, um homem espancou uma mulher que estava ao meu lado porque ela não queria entregar-lhe a sua bolsa e o seu celular. Naquele momento eu cometi meu primeiro homicídio. Disparei pelo menos 6 tiros no peito daquele homem, me vi, e acredite, senti a sensação de estar decapitado aquele ladrão, tamanho era o ódio que nutria por ele, pela atitude que ele havia tomado. Uma atitude covarde!

Mais tarde, com o coração mais calmo, pois quem me conhece sabe que corri sérios riscos de morte (e aquele era tão eminente), Deus, como sempre, me interpelou com uma pergunta: “E a prática do perdão?” Disse Ele ao meu coração. Rapidamente eu respondi: “Senhor o que ele fez não tem perdão, ele espancou uma mulher covardemente. Como perdoar?" Disse Ele novamente: “Eu fui espancado e morto também de forma covarde, no auge da minha dor clamei ao Pai – PERDOA-LHES, POIS NÃO SABEM O QUE FAZEM – e fiz isso por amor também a esse homem que você acabou de assassinar..”. Percebi que em uma situação crítica é tão difícil perdoar, a natureza do homem é vingativa. Reconheci mais uma vez minha natureza humana, que clama por sangue, reconheci que ainda estou muito afastado do padrão de Cristo. Mais uma vez tive que render minha opinião as experiências que Cristo viveu na pele e reconheci meu pecado duplo, quais sejam: Não ter perdoado imediatamente e ter assassinado alguém que também é alvo do mesmo amor que me alcançou.

Quão difícil é essa prática, quão pequeno sou perante Ele na prática do amor!

Bom para eu ter reconhecido mais uma vez minhas misérias. Errei, mas devo me lembrar diariamente que só persisto no caminho da santidade porque Ele não me negou o perdão que acabei de negar!

Sejamos nós perdoadores, por mais difícil que seja essa prática, persista, afinal você tem toda sua vida para praticar essa dádiva chamada perdão!