sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Ele se importa

     Cada vez que penso que O conheço Ele me mostra que os Seus pensamentos são bem mais altos que os meus. Minha vã filosofia tece em mim algumas boas qualidades racionais, mas confesso que calculo demais a fé, ora, se a fé e a certeza das coisas que não vejo e a convicção de fatos que não existem, impossível torna-se calculá-la.
     Por vezes a vida, através de nossas escolhas, nos impõe condições nas quais são pouco confortáveis. Exigimos de Deus a resposta sobre questionamentos dos quais tiramos dEle o poder de decisão. Lançamos sobre Ele a responsabilidade de atos que nós mesmos optamos por praticar. Erramos reiteradas vezes e não entendo como ainda sim Ele sorri de forma estonteante, como se estivesse nos dizendo: "filho, já que você tentou sozinho e fez essa besteira toda, agora vou te mostrar que Eu posso resolver". Sabe o que e mais extraordinário? Que usamos toda nossa capacidade intelectual durante anos, pensando em como resolver um pseudo grande problema e não conseguimos, mas um simples toque dEle tudo torna-se claro. Ele muda de maneira extremamente simples todo o rumo de uma vida, sem absolutamente nenhuma complexidade. Isso me extasia!
     Penso no livre arbítrio, mas em contrapartida, a antítese descrita no Sm 139:16,  me deixa estonteado. Tentei resolver o questionamento sobre a existência ou não do DESTINO... Penso na eleição e na predestinação, em Arminio e Calvino, nas institutas de Calvino, na fé que pensa que construí ao longo de anos e sinceramente não sei a resposta. Sei apenas que Ele se importa e como diz alguém muito especial, Ele faz questão dos mínimos detalhes, conhece e cuida de cada fio de cabelo, da unha do dedinho mindinho.... Sei bem que isso é contra qualquer teoria Calvinista da qual sou adepto, mas é impossível negar a existência de muitos pontos relacionais de um Deus presente.... não sei explicar...
     Decidi, como Davi, que Seus pensamentos são bemmmmm mais altos que os meus e nEles posso descansar. Não sei explicar como, nem de que lado eu estou, mas a cada dia e a cada mínima experiência que tenho com Ele, percebo ainda mais a existência de um Deus relacional, que age em silêncio, através da pedagogia imposta pelas nossas escolhas... Penso que temos a opção de escolha, mas que TODAS as decisões que possamos ter nos levará a algum lugar que, querendo ou não, teremos que aprender, teremos que aportar nosso barco que navega sobre o rio da vida, dar um time para comer um pão de queijo e tomar um café quente, e aprender o que Ele quer nos ensinar, seja através da dor ou do amor... mas a única coisa que sei é que realmente, por mais que tudo diga ao contrário, Ele se importa! Em amor, Ele continua a nos guiar... Creia, ainda que TUDO diga ao contrário!

https://www.youtube.com/watch?v=wF1RZ6glJ4I

sábado, 3 de agosto de 2013

O Regresso


     Imagino a passagem do filho pródigo de forma literal, um pai aflito pela ausência do seu filho. Cristo é cuidadoso em descrever que "o pai" "espera", ainda que ansioso, a volta de seu filho. "O pai" sabe exatamente que seu filho estava perdido, imagino eu, que "o pai" pensou em tudo o que aquele filho havia feito de errado, entretanto o que Ele via não eram os erros estampados na face de seu filho amado, mas tão somente a iniciativa de retornar que ele, o filho, teve.
     Imagino eu que ainda hoje, Ele, Deus, esteja de pé, ansioso, esperando a volta de cada um dos seus filhos perdidos, ansioso para o regresso ao leito paternal. Prefiro pensar em um Deus que além de justiça seja amor, um pai que sabe exatamente que o mundo já ensinou e machucou suficientemente seu filho para que Ele precise deixar de abraçá-lo para chamar-lhe a atenção, creio em um Deus que não é conivente com o nosso erro, mas que entende nossa realidade humana e sabe do que somos formados, como descrito em salmos ( “Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” Salmos 103.14)
     Punição? Mais do que estar afastado de Deus? Mesmo sendo uma opção, não imagino que o filho estivesse tão feliz longe de seu pai... mesmo tendo sido ele quem escolheu afastar-se... punição? Não percebi o pai o colocando de castigo ou o repreendendo, mas percebi o pai repreendendo o irmão que questionou toda aquela animação do pai para com a volta do filho perdido. Talvez, Deus por não ser humano, não tenha os caprichos dos super intocáveis humanos que pregam que Deus irá repreender e castigar o filho afastado... Talvez Deus saiba que foi tão ruim a passagem de seu filho pelo mundo sem Sua presença que não vislumbrou a real necessidade de punição, mesmo ele, o filho, tendo defasado metade dos Seus bens, a única coisa que o esperou foram Seus braços abertos. Arrependimento eficaz trás a mente o senso do erro frente a vontade de Deus.
     Desculpem-me se não creio em um Deus mau, punidor, egocentrista e autoritário.... Creio no meu Pai que me espera, ainda de braços abertos, sendo sabedor de que quem O conheceu não conseguirá viver sem sua presença. Creio no pai que é Deus e não no Deus que e pai... Creio na supremacia do amor divino acima do senso de justiça humano. Creio em João 3:16.
     Que as alfarrobas que estão a minha mesa jamais me impeçam de retornar meus pensamentos a Ti.     
     Já, já estarei em casa pai...

https://www.youtube.com/watch?v=iS6GXPbhCwU

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Em tempos nublados... (tragédia de Santa Maria)


     Muito tem se falado na última tragédia que acometeu nosso país. Diversas opiniões de pessoas comuns, parentes fortemente abalados, autoridades, jornalistas e especialistas no assunto  divagam exacerbadamente sobre o vasto assunto sem ao menos conseguirem chegar a um senso comum, parecem querer sempre culpar alguém, como se isso fosse trazer a vida dos seus ente-queridos novamente, ou como se fosse ter um sentimento de justiça caso os pseudos responsáveis fossem punidos. Falam como se tivesse havido algo que nunca viram no Brasil, acusam como se a irregularidade não fosse normal no nosso país. Mas o que mais me incomoda são os comentários de pseudos cristãos, onde já tive o desprazer de visualizar coisas do  tipo “se estivessem na Igreja, não teriam morrido”... insanidade, irresponsabilidade e total falta de comprometimento com a fé que professa, já que temos vários exemplos de acidentes com vítimas fatais em igrejas, temos inúmeros exemplos de homens de Deus que se foram por acidentes, o que dizer? Ahhhhh sim, esse tipo de gente certamente irá dizer que eles estavam em pecado, claro, claro, esse tipo de falácia deveria brotar desse tipo de gente medíocre e sem o mínimo conhecimento da fé que diz cultuar...
     Pessoas comuns devem pensar em qual a razão disso tudo, será que servimos a um Deus tirano que permitiu esse tipo de desastre? Será que Deus é um sádico que permitiu a chacina de Realengo ou as diversas chacinas que tiveram nos EUA? E o que falar dos desastres naturais? Será que Deus não se comove com o sofrimento alheio?
     Exigimos nossa liberdade, Deus nos dá o livre arbítrio. Uma relação de amor não pode haver obrigação, se houvesse qualquer tipo de manipulação jamais o amaríamos livremente e tudo que Ele sempre quis desde a criação era ser amado pela criatura, dessa forma, nos transformando por adoção seus filhos. Ele só deu o que exigimos, nossa falsa liberdade, e por esse simples motivo colhemos o que plantamos, não só de forma individual, mas coletiva. Estamos a mercê de nossas escolhas e da escolha de outros de nossa espécie...
     Pergunto de forma diferente.... queremos só o bem de suas mãos? Nos afastamos de nosso protetor e criador e ainda queremos que Ele não deixe que nenhum tipo de mal nos acometa? Quando falo que “escolhemos”, me refiro ao nosso patriarca ADÃO quando escolheu comer a “maçã”.
     Divagações que nos ocorrem inúmeras vezes em nossas mentes limitadas, entretanto, não creio nesse Deus, sei bem que Ele tem ciência de tudo que irá acontecer, pois é onisciente, não quero ser um apologeta, não quero defender quem não precisa de defesa. Creio apenas no amor de um Deus que mesmo em um tempo de angústia permanece ao nosso lado, creio em um Deus que estende as mãos para nos salvar, e principalmente para nos confortar em momentos difíceis. Não creio no sadismo de Deus, mas creio que através de Cristo, Deus se fez homem para se tornar um par conosco em nossas misérias, para estar conosco até a consumação dos séculos. Creio em um Deus absoluto, justo, jamais perverso e transbordante de compaixão por seus amados perdidos que ainda sofrem...
     Que encontremos conforto em seu amor e que possamos encontrá-lo nos momentos de dor profunda que a vida nos reserva...
     Que Ele esteja presente na vida de cada familiar das vítimas de Santa Maria, ainda que alguns não saibam como procurá-lo, que Ele se faça presente ainda sim...
     


quarta-feira, 20 de março de 2013

Amo a vida!


     Amo a vida, amo os seus desdobramentos, amo os seres humanos, repetitivos, incoerentes, muitas vezes insanos. Amo acordar pela manhã com cheiro de café e pão quentinho... O cheiro das flores me extasiam, adoro dias de chuva, frio e com cheiro de terra molhada, tempo convidativo para ver um filme debaixo do edredom...
     O drama humano é apaixonante, cíclicos, redundantes e repetitivos em suas essências, mas ainda sim são únicos. Amo a vida principalmente porque o previsível não bate a porta.
    Encanto-me facilmente com o abrir dos lírios, com o beijo selado, com o abraço apertado e com um amor amado. Derreto-me com a escolha pela fidelidade, pela opção do amar... Admiro os que abrem mão do “eu posso” em virtude do “eu não devo”... a vida bate à porta, as oportunidades seguem a vista... erros e defeitos caminham perenemente lado a lado, divididos por uma linha tênue chamada resignação.
     Diariamente somos postos a prova, diante de Deus e diante dos homens, esforçamo-nos para seguir certos, caímos, invadimos a delimitação divisória do erro e acerto, ferimos pessoas, somos feridos. Diante do espelho atacamos o ofensor refletido nele, pedimos socorro a Deus para nos livrar de nós mesmos e com o tempo vamos percebendo que o inimigo não mora ao lado, nem dentro, mas somos nós mesmos o nosso maior opressor. Nos enganamos com relação a nossa bondade intocável, merecedores de misérias, recebemos de Deus o sentimento maior: o amor! Recebemos de Deus o maior sacrifício: Seu filho!
       Vivemos não mais com a incerteza de uma destruição futura, mas com a certeza de que somos amados sem que precisemos provar qualquer coisa... amor que acalma, que nos faz pensar, que nos arrebata ao belo, ao amável, ao justo, honesto e santo. Amor que nos furta de nós mesmos e de nossas falhas adâmicas...
       Por tudo isso, deixo as coisas que para traz ficam e posso voltar a pensar nos lírios, no pão quentinho e no cheiro de terra molhada. Ele me deu o direito de apreciá-las e digo mais, Ele aprecia junto comigo... Só pela sua maravilhosa graça, graça que nos ampara e, ainda que errantes, nos dá o direito de compartilhar um fim de tarde frente ao pôr do sol, sentindo Suas mãos nas minhas e um sussurrar brando nos ouvidos me encorajando a vida, sorrindo meu sorriso, dançando a minha dança e no fim, sentando com ar de cansaço  e bradando a expressão a riso aberto: Ufa... cansei, mas vamos de novo!
Amo a vida, Ele me faz viver!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Minha oração...



     É ... chegou o tempo tão temido por mim.... era como o som de muitas águas que se aproximava, mas tentava com toda a minha força afastar-me sem saber que quanto mais eu corria, mais aproximava-me da fonte... algo em mim necessita, mas outra parte resiste fortemente. É como se houvesse em mim duas pessoas com amplos megafones gritando a todos os momentos, um dilema entre o que quero e o que preciso confundem minhas decisões.... sinto-me sozinho, mesmo tendo a mais absoluta certeza que não estou só... o  peso dos meus erros recaem sobre meus ombros por mais que eu saiba que Ele, Cristo,
levou sobre sí todas as minhas iniqüidades e que sobre a sua pisadura eu já fui sarado.
     Sem coragem, sem forças, sem palavras e sem jeito para orar, prefiro manter o silêncio em poucos momentos que sei que Ele proporciona para que eu lhe fale. Calo-me, diante das minha crises não porque eu não queira falar, mas simplesmente porque desaprendi.
     Sei que a restauração do que sou depende não somente de um acontecimento, uma decisão ou ações que me impulsionem ao verdadeiro quebrantamento, mas depende de um processo pelo qual sei que será necessário passar. Sabe a tormenta prevista? Sabe quando temos que tomar um remédio ruim, mas que cura? Sabe o deserto que Cristo entrou ciente que seria um local de provações e dores, mas necessário? Esse é o meu deserto, meu remédio, a minha via crucis, sei bem que devo enfrentá-la, mas falta-me coragem, sinto-me fraco, insuficiente em mim mesmo...
     Não sei até que ponto minhas orações são ouvidas, mas se clamo algo clamo a Deus para que Ele apenas perdoe o que eu fiz de mim, não as vistas das pessoas, porque nada saiu da normalidade de um jovem, mas perante a Ele....
     Grito inconscientemente aqui dentro, no coração... lembro-me de um texto bíblico onde Paulo diz que quando estamos fracos é que estamos fortes, não porque recebemos uma ajuda extra, mas porque Ele próprio vem a nosso favor em nossas debilidades.
     Titubeante, fraquejando, balbucio apenas por ajuda... creio! Ainda que eu nada veja, continuo crendo... Nada tenho a dizer, apenas peço que ouça o som do meu coração...
Tum..... Tum... Tum.... ele ainda bate!