sábado, 16 de junho de 2012

A Pedagogia do meu Afastamento.


Sempre li a história do filho pródigo como se observasse um pai inerte, um pai que ateve-se em apenas aguardar seu filho, tá certo que sempre de braços abertos e com muito amor, mas inerte. Confesso que nunca gostei muito de pensar nisso, pois sempre acreditei em um pai presente, não como se fosse apenas em um professor que aguarda um aluno em sua sala de aula, de forma que o aluno deva ir a escola com suas próprias pernas, caso contrário, ele, o professor, não vai até o aluno. Sempre compreendi a existência de um Deus interveniênte na vida dos seus filhos, não em um manipulador que escolhe por nós, mas em um amigo que nos ensina o caminho e mesmo quando escolhemos errado, ainda sim, Ele está conosco nos mostrando o que aprender naquele caminho tortuoso, mesmo sendo nossa escolha estar em um caminho diferente daquele que Ele escolheria por nós, ainda sim, Ele escolhe estar presente, não apenas como um amigo, mas como um pai, professor e protetor.             
Sei bem que nos dias atuais não posso identificar-me como um cristão, não que tenha deixado de crer, mas por que creio tanto que sei não estar a altura desse título tão nobre. Sei bem das minhas últimas escolhas, todas conscientes e movidas por mim mesmo, não por Satanás, como queiram alguns, mas por mim mesmo que sou o senhor das minhas decisões, mas também sou responsável pela minha colheita. Escolhi descrer em algumas coisas, não que realmente quisesse, mas porque foi que única forma que encontrei para que sobrevivesse depois de algumas decepções.
Sei bem que Deus nada tem a ver com ações erradas de seres humanos, mas algumas delas afetam o que você pensa sobre Deus, ainda que esta seja uma concepção errada, mas é a única forma de auto-explicação diante de um comportamento culpável de quem deveria dar-lhe exemplos positivos e, no entanto, fez algo parecido com exatamente o contrário.
Deus é Deus e homens são homens, não há confusão nesse aspecto, nem muito menos o que se comparar entre os dois, visto que Deus é e sempre será santo, bom e justo e nós nem perto disso chegaremos.
Fiz minhas escolhas, das quais não me arrependo, nem muito menos me orgulho, sigo um caminho um pouco diferente do esperado, mas como disse no início, até em meio a caminhos considerados tortuosos por alguns religiosos, ainda ali Deus (não falo do DEUS supremo arquiteto do universo, mas falo do meu pai, do ABA), ainda sim está sempre comigo, está sempre aproveitando cada situação desagradável para me mostrar que está perfeitamente ao meu lado, para me ensinar em cada erro que cometo, ainda que esse erro seja contra Ele mesmo. Juro que tentei fazer com que Ele me deixasse, para que eu pudesse viver somente por mim, sem auxílio, sem acolhimento, sem ajuda... Tentei através palavras e principalmente por atos me afastar do seu amor, me afastar dEle. Quis mais que qualquer coisa ser só e não manter-me com auto-acusações diante das minhas escolhas e quanto mais eu sabia ser algo diferente do correto, com mais intensidade praticava, tentando fazer com que o Espírito se afastasse, ou que Ele se aborrecesse comigo ao ponto de deixar-me e “paz”.
Não consegui, por mais que eu tenha tentado e por mais que eu continue tentando, sinto-me incapaz... hoje provei o que diz Romanos 8.38-39 “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Confesso me sentir preso a graça, como diz o título do livro de Max Lucado, incapaz de fugir do amor dEle.
Desde que fiz essas escolhas, fui acometido por várias "ameaças" vindas através de sonhos e mais sonhos, não que tivessem sido Deus quem as tenha feito, confesso que até pensei que fosse no início e por esta razão as encarei frontalmente e disse para o que quer ou quem tenha as feito que "era comigo mesmo e com mais ninguém". Outras formas de avisos chegaram até mim, sabia que alguém estava furioso, aliás isso eu já sabia desde o dia que havia me convertido, entretanto não pedi ajuda a Quem poderia me ajudar, mas ao contrário, pedi que permanecesse afastado, queria ser como todos, não que fosse especial, todos somos, mas só queria me sentir um comum, alguém que Deus jamais tivesse visto (impossível, pois todos somos especiais a Ele). Os avisos saíram do patamar de sonhos e passaram a vir por pessoas, passaram a vir através de revelações e através de sonhos de outras pessoas, algumas que eu não falava há alguns anos e que entraram em contato somente para avisar-me o que havia sonhado. Sabia que estava para acontecer algo ruim, bem ruim. Falo de morte, cheguei até a avisar a um amigo o que estava acontecendo, lembro-me que ainda sim, quis encarar só.
No final do mês de abril até o meado de maio, passei por 4 grandes livramentos sequenciais, onde quem os presenciou, de forma cômica me disseram para procurar uma corrente de descarrego, banho de pipoca, banho de sal grosso, etc... rsrs... eu, detendo o conhecimento do que realmente estava acontecendo via de forma diferente, via em tudo o que aconteceu a tal das “garras da graça” descrita por Max Lucado. Ainda que tenha estado bem fora dos padrões, e estando ainda fora propositalmente, ainda sim, Ele me ampara, ainda sim percebi claramente que Ele está presente. No último livramento, onde acidentei-me de moto e quebrei os dois braços e o calcanhar, haviam somente dois locais do meu corpo que sangrava e quando vi as palmas das mãos furadas e sangrando exatamente onde teriam transpassado os cravos em Sua crucificação, senti algo me dizendo “sou contigo”. Senti-me preso em seu amor incondicional e hoje tenho plena certeza do significado da palavra incondicional que falo. Somente após ter vivido essas experiências posso precisar o que significa essa falta de condições em troca do amor dEle descrita em Romanos 8.38-39. Hoje percebo a referência real do significado sua fidelidade ainda que SEJAMOS INFIÉIS.
Saber ser amado de forma incondicional por alguém que mesmo tendo motivos e poder para condenar-te, te absolve, te ampara,protege e ama, é o mesmo que receber tudo sem ter feito nada, afinal, esse é o conceito da Graça, favor imerecido! Sei bem que o Seu amor me persegue, sei bem que essa tarefa de afastar-me é impossível, aprendi que não dependo apenas de uma instituição para fazer Sua vontade, para retribuir, para amá-Lo, para sentir-me correto diante dEle e somente dEle, entretanto sei da substancialidade da comunhão. Não dependo mais de uma aprovação geral pública, dependo apenas do que Ele acha. Esse é o caminho para a verdadeira redenção e nesse novo caminho vejo-me ainda como um bebê de um mês, não regredi, mas agora verdadeiramente nasci.
Sei bem que minhas escolhas me trarão resultados pessoais, afinal, minha colheita fluirá de acordo com minha semeadura. Sei bem que onde encontro-me, o caminho de volta me trará ainda muita dor, sofrimento, arrependimento e isso vai levar tempo, mas de uma coisa eu tenho absoluta certeza... Ele está comigo! Ainda que errante, pecador consciente, não merecedor de seu amor e graça, isso é inegável, Sua presença e Seu amor!
Não me exponho com fatos da minha vida para engrandecer-me... jamais!!! Sei que sou mais pecador que qualquer dia já tenha sido, mas exponho-me por agradecimento a Ele, não por me livrar inegavelmente em apenas um mês várias vezes da morte, isso nem sequer me alegra, mas por saber que Seu amor é incondicional e que Ele não depende de nada, absolutamente nada do que eu faça para que Ele me ame mais que já me ama. Isso sim, me alegrou, isso sim me ensinou muitas coisas. Esse amor incondicional é libertador, não de uma situação, mas de nós mesmos.
Certamente, independente de quem você seja, Ele te ama de forma gratuita e incondicional!
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