quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A Receita


     Hoje especificamente não tive um bom dia por questões físicas. As patologias apresentadas vão desde dor no peito e rins até pressão alta. Mais cedo recebi uma boa notícia na faculdade, fui aprovado com méritos em uma matéria cujo a dedicação nos estudos foram totais durante o semestre, entretanto a inquietação que sentia me acendeu um alerta, dores no peito e na lombar me fizeram, logo após a comemoração pela aprovação, apresentar-me ao hospital.
     Nesse tempo de reflexão, entre uma medicação e outra, dei vazão a pensamentos que me consomem há algum tempo. Todos eles balanceiam minha vida em geral, tanto a física e humana, quanto a espiritual e aparentemente abstrata e subjetiva. Reafirmei  para mim mesmo que aparentemente sou um jovem do tipo que muitos gostariam de ser, falo de alguns atributos de aparência, algumas posses e estabilidade profissional, isso aos 27 anos.
       Mas algo me angustia diariamente e me faz ter DR’s comigo mesmo: meu afastamento do meu criador.
     O conheci cerca de 7 anos atrás, vivenciei experiências maravilhosas, ajudei pessoas, estudei, lapidei meu caráter, tentei fazer o meu máximo para a agradar o coração de quem me oferecia gratuitamente a salvação. Sob o meu olhar e julgo humano eu consegui! Sob a óptica espiritual, sei bem que estava muito aquém da perfeição, mas prosseguia firmemente em direção ao alvo!!! Até que tive alguns problemas com a instituição. Pesou-me fortemente as atitudes alheias, faltou-me intensamente um afago amigo constante... questionei-me:-“Cadê os irmãos?” e olha que não eram poucos. Eu que nem estava em “pecado”, afastei-me, deprimi-me. Fiz de Deus alguém humano, como se Ele compactuasse com tudo que ocorreu. Decidi afastar-me, provar para mim mesmo que EU era capaz de viver sem “Ele”. Provei! Minha vida de lá para cá teve muitas evoluções materiais. Experimentei prazeres intensos que jamais teria provado. Vivi, sonhei, me relacionei. Em todas as atitudes, como a do filho pródigo com a intenção de se afastar da casa do seu Pai, eu fui feliz. Não sofri represálias divinas, nem tão pouco de Satanás, afinal, ele, Satanás se alegra em me ver ao seu lado e fazendo exatamente o que EU e minha carne queremos fazer. Não cri no Deus que nos condena, conhecia seu coração e provei do seu silêncio.
       Durante muitas vezes me deparei com a morte e bem sei que de alguma forma, Ele, quem eu abandonei, me guardou. Chorava a cada livramento real, pedia que Ele não me protegesse, afinal, queria ser como qualquer outra pessoa, não consegui! As garras da graça são mais fortes que um simples desejo. Diversas vezes Ele veio até a mim através de outras pessoas, eu O reconhecia através de cada palavra. Ainda sim não dava ouvidos ao meu espírito, visava apenas a minha vida material. A saber, ela anda bem...
       Chegou o momento em que a voz do meu espírito urrava ao meu criador, confesso que sou incapaz de calá-la. Houveram momentos que ela falava tão alto que eu me alcoolizava afim de não ouvi-la mais... Nossa!!! Que tentativa frustrada. Era pior! O álcool me dava excesso de concentração e eu só me concentrava nela, na voz...
       Se tratando de algumas atitudes, uma coisa era boa, meu objetivo de querer negar tudo que eu era tinha tido êxito, entretanto se tratando de sentimento, era apenas mais uma atitude frustrada.
       Sem nenhum acontecimento sobrenatural cheguei a conclusão de que não dá para lutar com o que ainda permanece em mim. Fui ótimo em tomar atitudes contrárias ao meu credo, mas péssimo em calar a voz do meu espírito.
      Aqui no hospital, aguardo ansiosamente minha receita médica, afim de curar-me, de sanar as minhas dores físicas.
     Aqui no meu espírito, desde o dia em que decidi me afastar, trouxe comigo uma receita que havia recebido há muito tempo atrás e hoje ao abri-la, não havia um remédio que curasse as dores da alma, mas tão somente um encaminhamento a um especialista e grafado no encaminhamento havia escrito: “Reencaminho-o aos braços do teu Pai”

Reconheço... falta-me forças... creio!

http://www.youtube.com/watch?v=gYBzHhvqF_k

sábado, 16 de junho de 2012

A Pedagogia do meu Afastamento.


Sempre li a história do filho pródigo como se observasse um pai inerte, um pai que ateve-se em apenas aguardar seu filho, tá certo que sempre de braços abertos e com muito amor, mas inerte. Confesso que nunca gostei muito de pensar nisso, pois sempre acreditei em um pai presente, não como se fosse apenas em um professor que aguarda um aluno em sua sala de aula, de forma que o aluno deva ir a escola com suas próprias pernas, caso contrário, ele, o professor, não vai até o aluno. Sempre compreendi a existência de um Deus interveniênte na vida dos seus filhos, não em um manipulador que escolhe por nós, mas em um amigo que nos ensina o caminho e mesmo quando escolhemos errado, ainda sim, Ele está conosco nos mostrando o que aprender naquele caminho tortuoso, mesmo sendo nossa escolha estar em um caminho diferente daquele que Ele escolheria por nós, ainda sim, Ele escolhe estar presente, não apenas como um amigo, mas como um pai, professor e protetor.             
Sei bem que nos dias atuais não posso identificar-me como um cristão, não que tenha deixado de crer, mas por que creio tanto que sei não estar a altura desse título tão nobre. Sei bem das minhas últimas escolhas, todas conscientes e movidas por mim mesmo, não por Satanás, como queiram alguns, mas por mim mesmo que sou o senhor das minhas decisões, mas também sou responsável pela minha colheita. Escolhi descrer em algumas coisas, não que realmente quisesse, mas porque foi que única forma que encontrei para que sobrevivesse depois de algumas decepções.
Sei bem que Deus nada tem a ver com ações erradas de seres humanos, mas algumas delas afetam o que você pensa sobre Deus, ainda que esta seja uma concepção errada, mas é a única forma de auto-explicação diante de um comportamento culpável de quem deveria dar-lhe exemplos positivos e, no entanto, fez algo parecido com exatamente o contrário.
Deus é Deus e homens são homens, não há confusão nesse aspecto, nem muito menos o que se comparar entre os dois, visto que Deus é e sempre será santo, bom e justo e nós nem perto disso chegaremos.
Fiz minhas escolhas, das quais não me arrependo, nem muito menos me orgulho, sigo um caminho um pouco diferente do esperado, mas como disse no início, até em meio a caminhos considerados tortuosos por alguns religiosos, ainda ali Deus (não falo do DEUS supremo arquiteto do universo, mas falo do meu pai, do ABA), ainda sim está sempre comigo, está sempre aproveitando cada situação desagradável para me mostrar que está perfeitamente ao meu lado, para me ensinar em cada erro que cometo, ainda que esse erro seja contra Ele mesmo. Juro que tentei fazer com que Ele me deixasse, para que eu pudesse viver somente por mim, sem auxílio, sem acolhimento, sem ajuda... Tentei através palavras e principalmente por atos me afastar do seu amor, me afastar dEle. Quis mais que qualquer coisa ser só e não manter-me com auto-acusações diante das minhas escolhas e quanto mais eu sabia ser algo diferente do correto, com mais intensidade praticava, tentando fazer com que o Espírito se afastasse, ou que Ele se aborrecesse comigo ao ponto de deixar-me e “paz”.
Não consegui, por mais que eu tenha tentado e por mais que eu continue tentando, sinto-me incapaz... hoje provei o que diz Romanos 8.38-39 “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Confesso me sentir preso a graça, como diz o título do livro de Max Lucado, incapaz de fugir do amor dEle.
Desde que fiz essas escolhas, fui acometido por várias "ameaças" vindas através de sonhos e mais sonhos, não que tivessem sido Deus quem as tenha feito, confesso que até pensei que fosse no início e por esta razão as encarei frontalmente e disse para o que quer ou quem tenha as feito que "era comigo mesmo e com mais ninguém". Outras formas de avisos chegaram até mim, sabia que alguém estava furioso, aliás isso eu já sabia desde o dia que havia me convertido, entretanto não pedi ajuda a Quem poderia me ajudar, mas ao contrário, pedi que permanecesse afastado, queria ser como todos, não que fosse especial, todos somos, mas só queria me sentir um comum, alguém que Deus jamais tivesse visto (impossível, pois todos somos especiais a Ele). Os avisos saíram do patamar de sonhos e passaram a vir por pessoas, passaram a vir através de revelações e através de sonhos de outras pessoas, algumas que eu não falava há alguns anos e que entraram em contato somente para avisar-me o que havia sonhado. Sabia que estava para acontecer algo ruim, bem ruim. Falo de morte, cheguei até a avisar a um amigo o que estava acontecendo, lembro-me que ainda sim, quis encarar só.
No final do mês de abril até o meado de maio, passei por 4 grandes livramentos sequenciais, onde quem os presenciou, de forma cômica me disseram para procurar uma corrente de descarrego, banho de pipoca, banho de sal grosso, etc... rsrs... eu, detendo o conhecimento do que realmente estava acontecendo via de forma diferente, via em tudo o que aconteceu a tal das “garras da graça” descrita por Max Lucado. Ainda que tenha estado bem fora dos padrões, e estando ainda fora propositalmente, ainda sim, Ele me ampara, ainda sim percebi claramente que Ele está presente. No último livramento, onde acidentei-me de moto e quebrei os dois braços e o calcanhar, haviam somente dois locais do meu corpo que sangrava e quando vi as palmas das mãos furadas e sangrando exatamente onde teriam transpassado os cravos em Sua crucificação, senti algo me dizendo “sou contigo”. Senti-me preso em seu amor incondicional e hoje tenho plena certeza do significado da palavra incondicional que falo. Somente após ter vivido essas experiências posso precisar o que significa essa falta de condições em troca do amor dEle descrita em Romanos 8.38-39. Hoje percebo a referência real do significado sua fidelidade ainda que SEJAMOS INFIÉIS.
Saber ser amado de forma incondicional por alguém que mesmo tendo motivos e poder para condenar-te, te absolve, te ampara,protege e ama, é o mesmo que receber tudo sem ter feito nada, afinal, esse é o conceito da Graça, favor imerecido! Sei bem que o Seu amor me persegue, sei bem que essa tarefa de afastar-me é impossível, aprendi que não dependo apenas de uma instituição para fazer Sua vontade, para retribuir, para amá-Lo, para sentir-me correto diante dEle e somente dEle, entretanto sei da substancialidade da comunhão. Não dependo mais de uma aprovação geral pública, dependo apenas do que Ele acha. Esse é o caminho para a verdadeira redenção e nesse novo caminho vejo-me ainda como um bebê de um mês, não regredi, mas agora verdadeiramente nasci.
Sei bem que minhas escolhas me trarão resultados pessoais, afinal, minha colheita fluirá de acordo com minha semeadura. Sei bem que onde encontro-me, o caminho de volta me trará ainda muita dor, sofrimento, arrependimento e isso vai levar tempo, mas de uma coisa eu tenho absoluta certeza... Ele está comigo! Ainda que errante, pecador consciente, não merecedor de seu amor e graça, isso é inegável, Sua presença e Seu amor!
Não me exponho com fatos da minha vida para engrandecer-me... jamais!!! Sei que sou mais pecador que qualquer dia já tenha sido, mas exponho-me por agradecimento a Ele, não por me livrar inegavelmente em apenas um mês várias vezes da morte, isso nem sequer me alegra, mas por saber que Seu amor é incondicional e que Ele não depende de nada, absolutamente nada do que eu faça para que Ele me ame mais que já me ama. Isso sim, me alegrou, isso sim me ensinou muitas coisas. Esse amor incondicional é libertador, não de uma situação, mas de nós mesmos.
Certamente, independente de quem você seja, Ele te ama de forma gratuita e incondicional!
Após 7 meses, volto a postar...